Não há nada mais relapso que a memória. Atrevo-me a dizer que a memória é uma vigarista, emérita falsificadora de fatos e de figuras.
(Odeio Nelson, mas esse trecho tem tudo a ver com esse post)
O que a memória não faz? Quando mais precisamos dela, ela falha. Eu sou um cara tremendamente desmemoriado. Sou capaz de fazer uma pergunta a alguém e esquecê-la enquanto ouço a resposta. Sério! Ela é uma baita duma vigarista comigo.
Lembro-me de pelo menos duas ocasiões em que a memória me deu uma rasteira digna de Guile , o carinha do Street Fighter que dava uma rasteira dupla.
Na minha primeira incursão como ator, a tal da Memória me jogou no chão. Eu fui o Lobo Mau numa peça da escola. Arrebentei nos testes com todos os concorrentes, afinal, pra leitura eu sempre fui muito bom. O ruim foi quando tive que decorar as falas. Era jancymente impossível. No dia da encenação, fui lá eu, com orelhinhas de feltro, gritando pelo palco: "Eu sou o Lobo Mau, o Lobo Mau, o Lobo Mau. Pego as criancinhas pra fazer mingau!"
Mingau foi o que meu cérebro fez com as páginas de texto gravadas. Procurei, procurei e nada! Não podia apelar para o famoso "É..." e nem sabia ainda o que era "caco"
. Quem me salvou foi nada mais, nada menos que... acertou quem pensou na Chapeuzinho Vermelho! Ela havia decorado as falas dela e as minhas, portanto, quando a encontrei na floresta (nota: minha pasta de Lobo arrebentou e quase voou tudo que tava dentro), ela me sussurou a fala inteirinha. Ninguém percebeu...
Mais tarde conto a segunda ocasião, de rolar de rir. É que eu esqueci dela agora... :p
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