26.3.04

Conhecer gente nova é o melhor da obra

Mas o que seria de uma cidade se não fossem as pessoas? E foi por elas que eu passei a gostar de Petropólis. Afinal, não fui ao Centro um dia sequer, não tomei banho de cachoeira, não comi em nenhum restaurante legal. E mesmo assim meus dias foram lotados e agradáveis.

Tio Pedrinho, companheiro de carrinho de mão e sempre sorrindo, mesmo tendo apenas 2 dentes. Sobral, um português gente boa sempre hospitaleiro e alegre. Diego e Pauline, casal mais do que 20, um implicando com o outro, porém disputando sempre quem sorri mais. Marta, sempre me chamando de bobo e me dando tapas, mas ajudando na hora que precisava e trabalhando mesmo tendo a vida muito dura. E teve mais: Tati, Paty, Jianne, Rine, Zé, Mari...

Tinha ainda as meninas superpoderosas. A Klá, encanada com as próprias caretas, mas sempre espontâneas e de fazer rir, conversando de tudo um pouco e cantando pra espantar os males da obra. Empolgada como ela é a Nana, com um olhar tão feliz e brilhante, espantando a tristeza que lá no fundinho, eu sabia que ela tinha motivos pra ter.Trablhar era com elas! Só quem não entrava no canteiro era a Juju, querendo entrar, mas não podendo.

Não esqueço, lógico, da minha pequena família, mas que acolheu muito bem. Arthur, carente de ter um irmão e com aquele olhar sempre curioso. Zana, relax como só ela, mas ao mesmo tempo sem dar mole pra ninguém e ainda por cima me aturando como se estivesse comendo o melhor chocolate suíço. Por fim, o grande paizão Marco Aurélio, que não sei por que cargas d'água foi com a minha cara e do nada me convidou pra ficar na casa dele, achando que eu era um menor abandonado na obra. A partir daí, me tratou como um filho desaparecido: deu conselhos para problemas que eu passei, sugestões para outros que eu também passei, foi vagoroso no ouvir, fez tudo o que podia pra me agradar e ainda comprou Coca-Cola!

Brigado a todos os petropolitanos que me acolheram. E um abraço a todos os amigos que fiz lá. Vocês sabem como eu gosto muito, muito mesmo de todos vocês. Obra é assim: pode ter o problema que for, mas só pelos amigos que você ganha vale a pena qualquer esforço, até de varar a madrugada com medo de perder o primeiro ônibus pra ir pra lá.

Quanto você for à Petropólis, não fique só na Museu Imperial, na casa de Santos Dumont, na Rua Teresa. Conheça as pessoas de lá. Porque a cidade de Petropólis é uma cidade de fachada, sim. Mas a gente de lá, não.
Petrópolis: não é tão ruim como Friburguense diz



Eu me lembro que foi de supetão que decidi ir pra Petropólis. Estava sozinho em casa, com saudades de trabalhar na obra, então liguei pro Edson e peguei com o Renato as instruções pra ir pra Nogueira. Dormi uma boa parte da viagem, peguei engarrafamento na serra e cheguei na rodoviária. Seguindo as instruções do Renato, entrei no 700 (Itaipava) e parti pra Nogueira. É engraçado como Petropólis é bem diferente de Friburgo (pra quem não sabe, sou friburguense de nascença).

Abre parêntese: friburguenses têm uma birra contra petropolitanos. Briga de cidades serranas, sem nenhum motivo aparente. Eu mesmo não gostava de Petropólis, achava aquela cidade horrível, mas só tinha ido lá pra fazer a travessia Petrô-Terê, duas vezes. Fecha parêntese.

A primeira coisa que pensei foi: "Petropólis é uma cidade de fachada". Sabem por quê? A cidade não tem profundidade. Atrás da rodoviária tem... montanha. Atrás da principal avenida do centro tem... montanhas. A obra era em Nogueira, perto de Itaipava. Dentro do ônibus percorri bairro-vales que não tinham muita largura, porque eram cercados de montanha com U. Primeiro um bairro estranho. Depois veio o Bingen uma baita duma ladeira cheia de morros e vazia de ruas.

Depois do Bingen vem Côrreas. Este bairro até que é bem largo. De um lado, atrás das casas à beira da avenida não tem montanhas. Tem um rio. Cinco quadras pra dentro tudo muda. Porque passa a ter como fundo... montanhas. Seguindo em frente, a mesma coisa. Nogueira tem altos morros, imensas ladeiras e montanhas logo atrás, com o rio margeando pelo lado oposto. Bonsucesso idem, Itaipava ibidem.

O ar puro, o clima serrano e as montanhas sempre perto tornam o clima e a paisagem agradável. Nada de poluição visual como na Barra ou sonora como no Centro do Rio. Mas esse tipo de crescimento excêntrico da cidade tem algumas desvantagens, lógico. Por exemplo, não dá pra passar dois ônibus em velocidade nas estreitas ruas do Bingen. Um tem que reduzir e às vezes parar para dar passagem. Outro grande problema, é a queda de barreiras. As ruas estreitas tornam-se mão ú, obrigando a instalação de um sinal provisório para controlar o fluxo. As enchentes também atrapalham muito, porque a cidade é cortada por um rio. E se a cidade crescer mais, o engarrafamento se tornará um sério problema.

É realmente estranho para alguém que mora no Recreio e vê quilômetros de descampado e dúzias de quadras com um mar na frente, estar numa cidade onde você percorre uma quadra e dá de cara com um rio, anda duas pra trás e bate na montanha. Nunca tinha pensado que uma cidade pudesse se erguer no meio de um vale tão estreito como Petropólis conseguiu fazer. Parabéns a ela.

14.3.04

Rio Ônibus de São Paulo

Perdoem-me Carol, Lau e Antero, mas descer pela porta de trás são três pés no saco! Essa novidade paulista (sem preconceito e ressentimentos) chegou agora no Rio e embaralhou a cabeça de muita gente! Não dava pra entender porque, sem motivo aparente, empresas de ônibus cariocas decidiram adotar o modelo paulista de entrar e sair dos coletivos (que palavrinha sem graça!).

Até que, numa declaração ao Extra, foi revelada a razão pelo presidente da Rio Ônibus, meio sem querer:

- A roleta na frente torna inviável o acesso dos ambulantes aos ônibus. A mudança não foi pensada com esse fim (Claro que não!), mas devemos acabar com o problema. Ambulante é um desconforto para o passageiro - disse Lélis Marcos Teixeira, que também representa os empresários do setor (e não deve andar de ônibus).

O tal do Lélis bem que tentou esconder o motivo, mas acabou mordendo a língua. Por que acabar com os ambulantes nos ônibus? Eles perturbam? Não tem como negar. Principalmente um tal de Carlos Junior, um engraçadinho que fica vendendo aqui no Recreio e que já perdeu a graça de sempre falar que aceita American Express.

O que não dá pra aceitar é que troquem as roletas dos ônibus de lugar pra reduzir a ação dos coitados vendedores. A troca não funcionou e agora os vendedores entram pela traseira. O pior é que os problemas aumentaram.

Agora que a porta fica atrás é mais difícil pedir informações ao motorista sobre saltar num lugar que você não conhece. E pra completar, como nossos ônibus são muito barulhentos, não é raro o motorista não escutar a campainha. Sem contar os pivetes que podem entrar atrás na espreita e fazer a festa. Infelizmente, parece que toda a frota já se adaptou à novidade, e todos irão ter que se adaptar ao estilo paulista de subir e descer dos ônibus.

É pra imitar o jeito de São Paulo nos ônibus? Por que não estender a cópia de idéias em outros lugares? Por exemplo, criar uma malha metroviária maior do que a que temos hoje. E fazer o metrô chegar à rodoviária, porque é um absurdo não ter uma estação no Novo Rio. Ainda debaixo do solo, que tal fazermos os trens subterrâneos funcionarem entre 5 e 1 da manhã, como na cidade-cinza? Pra fechar, precisamos copiar também os terminais de integração, onde paga-se apenas uma passagem e pode-se pegar outro ônibus.

Esta última principalmente, porque é um absurdo eu ter que pagar duas passagens pra visitar minhas amigas lá em Vila Isabel.

9.3.04

Versão Brasileira

Hoje me deu uma vontade irresistível de ouvir As Long as You Love Me, dos Backstreet Boys. Não, dessa vez não tem nada a ver com meu momento não. Simplesmente a batidinha saltou de uma das minhas gavetas cerebrais sem pedir licença.

Daí pro tema versões foi um pulo. Lembrei que a tal música dos meninos da rua de trás teve uma versão em português e fui buscá-la no Google. Então comecei a lembrar de cantores no Brasil que ganharam dinheiro e fama com versões populares de músicas em outra língua. É uma coisa ridícula.

Quem não se lembra do refrão mais cantado na época em que o tema da novela de Glória Perez era ciganos? "Estou apaixonaaaado. E este amor é tão graaandeeeee." Sim, João Paulo e Daniel traduziram a música em espanhol para alcançarem todos os cantos do país, inclusive o meu ouvido.

Não sou contra versões, existem muitas que são boas. Mas esses caras que aproveitam a onda do momento pra ganhar uma grana é que eu não suporto. Não tem muito tempo e uns sertanejos aí gravaram aquele sucesso do The Calling (que nem lembro mais o nome), versionado lógico.

E geralmente quem faz isso são duplas que têm alguma ligação com a música sertaneja. Sandy & Junior, por exemplo. Vendiam bastante CDs, mas nada estratosférico. Até, por volta de 1997/1998, embarcarem na onda de Titanic com uma versão para My Heart Will Go On. Podres: tanto a original, como a versão. Eles alcançaram as centenas de milhares de cópias vendidas e um seriado semanal na Globo. E eu tive novamente meus ouvidos danificados.

Pelo menos uma coisa boa há nessas versões. ... Não, não há nada de bom. Só temos a agredecer que não é o SBT ou a dubladora deles que faz as traduções. Porque aí sim ia ser dose pros meus tímpanos.

(Aliás, você já ouviu a voz da Rachel no Friends do SBT? A propaganda bastou pra mim!)