26.3.04

Petrópolis: não é tão ruim como Friburguense diz



Eu me lembro que foi de supetão que decidi ir pra Petropólis. Estava sozinho em casa, com saudades de trabalhar na obra, então liguei pro Edson e peguei com o Renato as instruções pra ir pra Nogueira. Dormi uma boa parte da viagem, peguei engarrafamento na serra e cheguei na rodoviária. Seguindo as instruções do Renato, entrei no 700 (Itaipava) e parti pra Nogueira. É engraçado como Petropólis é bem diferente de Friburgo (pra quem não sabe, sou friburguense de nascença).

Abre parêntese: friburguenses têm uma birra contra petropolitanos. Briga de cidades serranas, sem nenhum motivo aparente. Eu mesmo não gostava de Petropólis, achava aquela cidade horrível, mas só tinha ido lá pra fazer a travessia Petrô-Terê, duas vezes. Fecha parêntese.

A primeira coisa que pensei foi: "Petropólis é uma cidade de fachada". Sabem por quê? A cidade não tem profundidade. Atrás da rodoviária tem... montanha. Atrás da principal avenida do centro tem... montanhas. A obra era em Nogueira, perto de Itaipava. Dentro do ônibus percorri bairro-vales que não tinham muita largura, porque eram cercados de montanha com U. Primeiro um bairro estranho. Depois veio o Bingen uma baita duma ladeira cheia de morros e vazia de ruas.

Depois do Bingen vem Côrreas. Este bairro até que é bem largo. De um lado, atrás das casas à beira da avenida não tem montanhas. Tem um rio. Cinco quadras pra dentro tudo muda. Porque passa a ter como fundo... montanhas. Seguindo em frente, a mesma coisa. Nogueira tem altos morros, imensas ladeiras e montanhas logo atrás, com o rio margeando pelo lado oposto. Bonsucesso idem, Itaipava ibidem.

O ar puro, o clima serrano e as montanhas sempre perto tornam o clima e a paisagem agradável. Nada de poluição visual como na Barra ou sonora como no Centro do Rio. Mas esse tipo de crescimento excêntrico da cidade tem algumas desvantagens, lógico. Por exemplo, não dá pra passar dois ônibus em velocidade nas estreitas ruas do Bingen. Um tem que reduzir e às vezes parar para dar passagem. Outro grande problema, é a queda de barreiras. As ruas estreitas tornam-se mão ú, obrigando a instalação de um sinal provisório para controlar o fluxo. As enchentes também atrapalham muito, porque a cidade é cortada por um rio. E se a cidade crescer mais, o engarrafamento se tornará um sério problema.

É realmente estranho para alguém que mora no Recreio e vê quilômetros de descampado e dúzias de quadras com um mar na frente, estar numa cidade onde você percorre uma quadra e dá de cara com um rio, anda duas pra trás e bate na montanha. Nunca tinha pensado que uma cidade pudesse se erguer no meio de um vale tão estreito como Petropólis conseguiu fazer. Parabéns a ela.

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