10.11.02

"São os jogadores que não tem talento mesmo, nem audácia pra driblar"

Essa é a frase da semana. Foi um grande amigo meu que falou hoje, enquanto estávamos no Outback comentando sobre o estado lamentável do futebol atual.

Eu, na minha experiência de futebol ruim, comentava que os jogadores não driblavam porque quando faziam ou eram quebrados ou sofriam represália por humilhar o adversário. Aí meu amigo mandou essa. Ele viu futebol de verdade. Com 35 anos, ele viu o finalzinho da carreira dos campeões de 70, o carrossel holandês e a seleção de 82. O que eu vi? Alguns jogos da Copa de 86, o Brasil sendo eliminado pela Argentina em 90, a pífia campanha do Tetra, e, claro, a degradação do futebol mundial. Além de ver o Nasa jogar.

Simplesmente não tinha parado pra pensar no que ele falou. Ele continuou dizendo que os jogadores hoje além de falta de habilidade, não têm audácia pra dar o drible. Todos morrem de medo. Lembrei do Ronaldo Fenômeno. Ele só faz gol de chutaço ou então sozinho com o goleiro. Driblar 3 e tocar por cobertura? Sem chance.

Meu amigo então, defendendo sua explicação exemplificou o gol de mão do Maradona:
- O cara tinha que ser muito audacioso pra fazer isso. Não podia ter medo. Se fosse um desses bundões hoje, ia meter a mão descaradamente e acabou. Não ia fingir uma cabeçada como o Maradona fez. Com o drible é a mesma coisa. Os jogadores já não o tentam mais, têm medo de fazê-lo.

Lamentavelmente concordei, e apenas perceb o quão medíocre foi o futebol que eu pude e posso ver. Só me considero sortudo porque o filho desse meu amigo, com apenas 10 anos, mal tá vendo o Romário jogar. Ele considera o Shevhcenko da Ucrânia demais e a atual seleção holandesa é muito boa pra ele.

Eu tenho pena porque vi Romário, Bebeto, Taffarel, Van Basten e Gullit, e outros jogarem.
E o meu amigo tem pena da gente, porque viu Gerson, Reinaldo, Zico e Falcão.

E concluo que não tenho nem base para comparação, muito menos para defender minhas idéias. Até porque seria ridículo da minha parte defender esse atual futebol medíocre, em que o Campeonato Brasileiro há 10 anos tenta ter menos de 20 participantes, que o número de faltas por jogo, e de jogos por ano é altíssimo, e que caras como Rivaldo ganham 150 mil dólares por jogo.

Como vou poder escrever sobre esse futebol de hoje com tamanha visão (que nem o Fernando Calazans)? Se depender desse futebol, não sei.

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